Cabo Verde, um arquipélago localizado no Oceano Atlântico, tem uma trajetória marcante e inspiradora no cenário desportivo internacional, especialmente nos Jogos Paralímpicos. Mesmo sendo um país com recursos limitados, os atletas paralímpicos cabo-verdianos demonstram uma notável resiliência e determinação. Neste texto, exploraremos a trajetória do país nos Jogos Paralímpicos, suas conquistas, participações e histórias inspiradoras de superação.
Cabo Verde nos Jogos Paralímpicos
Os Jogos Paralímpicos começaram em 1960, em Roma, com o objetivo de proporcionar uma plataforma internacional para atletas com deficiências físicas. Desde então, os Jogos cresceram significativamente em termos de participação e reconhecimento global. Realizados imediatamente após os Jogos Olímpicos, na mesma cidade-sede, eles incluem uma vasta gama de modalidades esportivas adaptadas.
A estreia Cabo Verdiana nos Jogos Paralímpicos ocorreu em 2004, durante os Jogos de Atenas. Desde então, o país continuou a enviar atletas para os Jogos, representando um verdadeiro espírito de perseverança e superação.
Participações e Conquistas
Atenas 2004: A estreia nos Jogos Paralímpicos foi marcada pela participação do atleta cego Marilson Semedo, que competiu nas provas de atletismo. Embora não tenha conquistado medalhas, a presença de Semedo foi um marco importante para o desporto paralímpico em Cabo Verde, inspirando outros atletas a seguirem seus passos.
Pequim 2008: Nos Jogos de Pequim, Cabo Verde enviou uma delegação maior, com atletas competindo em várias modalidades. Mais uma vez, embora não tenha havido medalhas, a participação foi um símbolo de progresso e desenvolvimento do desporto paralímpico no país.
Londres 2012: Os Jogos de Londres foram particularmente significativos para Cabo Verde, com a participação de Gracelino Barbosa no atletismo. Asua presença destacou a crescente importância do país no cenário paralímpico internacional.
Rio 2016: Nos Jogos do Rio, Gracelino Barbosa conquistou uma histórica medalha de bronze nos 400 metros T20, categoria para atletas com deficiência intelectual. Esta medalha foi a primeira de Cabo Verde nos Jogos Paralímpicos, marcando um momento de grande orgulho nacional.
Tóquio 2020: Nos Jogos de Tóquio, Cabo Verde manteve sua presença com uma delegação dedicada. Apesar de não conquistar medalhas, a participação dos atletas cabo-verdianos refletiu a continuidade do crescimento e desenvolvimento do desporto paralímpico no país.
Exemplos de Superação Cabo Verde
Os atletas paralímpicos de Cabo Verde exemplificam histórias de superação e determinação que inspiram não apenas seus compatriotas, mas o mundo inteiro. Aqui estão alguns exemplos notáveis:
Marilson Semedo: Marilson Semedo, o pioneiro paralímpico de Cabo Verde, perdeu a visão ainda jovem. Determinado a não deixar sua deficiência definir seu destino, ele se dedicou ao atletismo. Sua participação nos Jogos de Atenas 2004 foi um marco importante para o desporto paralímpico no país, demonstrando que a deficiência não é uma barreira intransponível.
Gracelino Barbosa: Gracelino Barbosa, nascido em 1985, é um atleta com deficiência intelectual que encontrou no atletismo uma maneira de expressar seu talento e superar obstáculos. Sua conquista de uma medalha de bronze nos Jogos de Rio 2016 foi um testemunho de sua dedicação e espírito competitivo. Barbosa continua a ser uma inspiração para muitos jovens atletas em Cabo Verde.
Carlos Araújo: Carlos Araújo, que competiu em levantamento de peso nos Jogos Paralímpicos, enfrentou várias adversidades ao longo de sua vida. Sua determinação em treinar e competir ao mais alto nível exemplifica o espírito de superação que caracteriza os atletas paralímpicos de Cabo Verde.
O Impacto dos Jogos Paralímpicos em Cabo Verde
A participação de Cabo Verde nos Jogos Paralímpicos tem um impacto significativo na sociedade cabo-verdiana. Esses eventos ajudam a promover a inclusão e a igualdade para pessoas com deficiências, demonstrando que, com apoio e oportunidade, todos podem alcançar grandes feitos.
Além disso, os Jogos Paralímpicos incentivam o governo e organizações não-governamentais a investir mais em infraestruturas e programas de suporte para pessoas com deficiências. Isso inclui a criação de centros de treinamento especializados, programas de reabilitação e iniciativas de conscientização sobre os direitos e capacidades das pessoas com deficiências.
Desafios e Oportunidades
Apesar dos progressos, os atletas paralímpicos cabo-verdianos enfrentam desafios significativos, incluindo a falta de recursos financeiros e infraestruturas adequadas. No entanto, esses desafios também apresentam oportunidades para inovação e desenvolvimento.
A cooperação internacional e o apoio de organizações desportivas globais têm sido cruciais para o desenvolvimento do desporto paralímpico em Cabo Verde. Parcerias com outros países e entidades esportivas permitem o intercâmbio de conhecimentos e recursos, contribuindo para a melhoria contínua dos programas de treinamento e competição.
O Futuro dos Jogos Paralímpicos em Cabo Verde
O futuro dos Jogos Paralímpicos em Cabo Verde é promissor. Com um número crescente de atletas se dedicando ao esporte e a continuidade do apoio institucional, o país está bem posicionado para alcançar ainda mais sucesso nas futuras edições dos Jogos Paralímpicos.
Os jovens atletas emergentes têm beneficiado das histórias inspiradoras de pioneiros como Marilson Semedo e Gracelino Barbosa e estão motivados a seguir seus passos. Programas de desenvolvimento desportivo e parcerias internacionais também estão ajudando a elevar o nível de competição e preparação dos atletas cabo-verdianos.
Quem é Gracelino Barbosa ? Herói de Cabo Verde nos Paralímpicos
Gracelino Barbosa foi o atleta de Cabo Verde que ganhou a primeira medalha numas paralimpiadas. O atleta conquistou a enorme proeza de arrebatar a medalha de bronze nos 400 metros (T20), a primeira de sempre de Cabo Verde em Jogos Paralímpicos.
Para além da medalha de Bronze Paralímpica, O atleta é o mais medalhado de Cabo Verde e é recordista do mundo nos 110 e 100 metros barreiras.
Onde Cabo Verde Conquistou a 1 medalha Paralímpica?
A primeira medalha paralímpica conquistada por Cabo verde, foi conseguida durante os Jogos Paralímpicos do RIO 2016, através deste enorme atleta de seu nome GRACELINO BARBOSA. Um feito que na altura foi comemorado e destacado nas rádios e televisão do país, redes sociais e foi tema de muitas conversas, principalmente na sua aldeia Natal, Colhe Bicho, localidade onde nasceu há 30 anos e que fica a poucas dezenas de metros do centro do Tarrafal, concelho mais a norte da ilha de Santiago, a cerca de 75 quilómetros da cidade da Praia.
No Rio 2016 a prova da consagração nos os 400 metros , foi concluída com o tempo de 48.55 segundos, atrás do brasileiro Daniel Martins (47.22 segundos) e do venezuelano Luís Arturo Paiva (47.83). Medalha de Bronze bem merecida para este atleta e lindo País.
O Percurso do Atleta medalhado ?
É na pacata localidade, cujo acesso é uma estrada estreita e calcetada, onde Gracelino viveu até por volta dos seus 20 anos, altura em que foi estudar em Portugal, mas não concluiu a formação superior, tendo iniciado a carreira de atleta paralímpico. Eurico, como é conhecido na zona, é o segundo de seis filhos da parte da mãe, que é separada do pai. Nasceu e cresceu em casa da avó, Juliana Mendes, que o descreve como “um bom menino” e que anda “sempre contente”.
Na casa, de paredes de pedra, coberta de telha e com apenas um piso, não há nenhuma fotografia do ‘Eurico’ à vista, mas a avó exibe à Agência Lusa duas medalhas que o atleta conquistou em competições realizadas na cidade da Praia. A irmã Edna ‘Tita’ Mendes, 27 anos, garantiu que irão afixar um quadro na parede, mas afirmou que, com ou sem foto, ‘Eurico’ já é um herói e um orgulho da localidade, sendo seguido por todos nas redes sociais e muitas pessoas ligam a felicitar a família pelo seu feito.
Depois de começar a treinar em Portugal, Edna indicou que Gracelino Barbosa até regressa com mais frequência ao Tarrafal de Santiago, mas praticamente só de férias.
Edna recorda os tempos de infância com o irmão e descreva-o como sendo “simpático, engraçado, que gosta de rir” e que “dá com todo o mundo”. “Sempre foi educado e nunca teve problemas com ninguém”, completou a avó, que, tal como a irmã, recordou também à Lusa os tempos de infância e da adolescência em que alguns dos divertimentos do ‘Eurico’ eram correr atrás de estrelas e pardais e jogar uril.
Mas o que mais gostava de fazer era cuidar de animais. Criava coelhos, patos e pombos nas imediações da casa, que ainda preserva a tradição, com patos e galinhas no quintal e num terraço contíguo, convivendo em perfeita harmonia com todos na casa.
In desporto.sapo.pt
Os títulos e as grandes marcas de Gracelino Barbosa
Classificação Desportiva:
– T-F-20 / INAS (Federação Internacional para Atletas com Deficiência Intelectual 8IOSD).
6th INAS- Campeonato Europeu de Pista Coberta, Istambul 2013
1º Lugar- Medalha de Ouro- 60 metros barreiras.
2º Lugar- Medalha de Prata- 200 metros.
2º Lugar- Medalha de Prata- 400 metros.
1º Lugar- Medalha de Ouro- Estafeta- 4 X 200 metros
1º Lugar- Medalha de Ouro- 4 X 400 metros.
9th World Athetics Championship 9-16 de Junho de 2013 Praga, República Checa
1º Lugar- Medalha de Ouro-Campeão do Mundo- 110 metros barreiras- 14,34 (Recorde do Mundo).
1º Lugar- Medalha de Ouro- Campeão do Mundo- 400 metros barreiras- 55,13.
2º Lugar- Medalha de Prata- Vice-Campeão do Mundo- 400 metros- 49,10.
2º Lugar- Medalha de Prata- Vice-Campeão do Mundo- 200 metros- 22,71.
O atleta participou nas seguintes provas sem direito a Medalha:
– Corrida de 100 metros- 11,40 marca pessoal e africana.
– Salto em comprimento 6,34 Marca pessoal e africana- Qualificação directa para o Mundial em França Julho de 2013.
IV INAS Globais Jogos- Mundial Equador em Setembro de 2015
1º Lugar- Medalha de Ouro-Campeão do Mundo-110 metros barreiras 14segundos e 3 décimos
Campeonato Doha Qatar 2015
– Participou nas disciplinas dos 100, 200 e 440 metros e saltos, e classificou em 4º lugar, o que lhe o passaporte para o Rio 2016.
Jogos Paraolímpicos 2016
3º Lugar- Medalha de Bronze nos 400 metros, com um tempo de 48,55 segundos, Primeira Medalha alcançada por Cabo Verde nos Jogos Paralímpicos
Campeonato do Mundo INAS Bangkok-Tailândia- Maio 2017
1º Lugar- Medalha de Ouro nos 100 metros livres.
1º Lugar- Medalha de Ouro- 110 metros barreiras.
1º Lugar- Medalha de Ouro 400 metros barreiras.
Foi eleito o melhor Atleta Masculino do Campeonato do Mundo.
Campeonato do Mundo Pista Coberta Londres 2017
4º Lugar- Disciplina dos 400 metros livres T-20.
Mundial Pista Coberta França 2018
1º Lugar- Medalha de Ouro 60 metros barreiras 8,88 segundos.
2º Lugar- Medalha de Prata modalidade 200 metros livre em 22.79.
3º Lugar- Medalha de Bronze 60 metros livre 7 segundos e 23 centésimos.
A Deficiência que o Fez Heroi
Quanto à deficiência mental, que o faz correr na categoria T20, a avó e a irmã afirmaram que, na infância, Gracelino Barbosa apenas manifestara alguns problemas de aprendizagem, mas que não o impediram de terminar o 12.º ano.
Por isso, suspeitam que terá manifestado a pequena deficiência mental em Portugal, onde também começou no atletismo, para dar agora “a maior alegria do mundo à família”, segundo a senhora Juliana, não escondendo que está “feliz e contente” pelo feito do neto.
Contactos das Federações Paralímpicas de Cabo Verde
Para mais informações e para entrar em contacto com as federações paralímpicas de Cabo Verde, pode utilizar as seguintes informações:
Comité Paralímpico de Cabo Verde
- Endereço: Rua Lisboa, nº 15, Praia, Cabo Verde
- Telefone: +238 261 35 30
- Email: comiteparalimpicocv@gmail.com
- Facebook: Comité Paralímpico Cabo Verde
Federação Cabo-Verdiana de Desporto Adaptado (FECADA)
- Endereço: Av. OUA, CP 115, Praia, Cabo Verde
- Telefone: +238 261 35 31
- Email: fecada.cv@gmail.com
Conclusão
A trajetória de Cabo Verde nos Jogos Paralímpicos é uma narrativa de esperança, superação e resiliência. Desde a sua estreia em 2004 até as participações mais recentes, os atletas paralímpicos cabo-verdianos têm demonstrado que com determinação e apoio adequado, é possível superar qualquer obstáculo. As suas conquistas não apenas colocam Cabo Verde no mapa do desporto paralímpico, mas também inspiram uma nação inteira a acreditar no poder do desporto como uma ferramenta de inclusão e transformação social. O legado desses atletas continuará a motivar e a abrir portas para futuras gerações de cabo-verdianos com deficiências, promovendo um mundo mais inclusivo e igualitário.
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