Jogos Paralímpicos: Brasil dá 1 Amasso a Portugal !

Jogos Paralímpicos: Brasil dá 1 Amasso a Portugal !

A participação nos Jogos paralímpicos de atletas do Brasil e de Portugal tem evoluído de forma significativamente diferente nas 2 últimas décadas. Este artigo analisa e compara a participação dos atletas nos Jogos Paralímpicos, focando em números de atletas, medalhas conquistadas, motivos para variações existentes e o trabalho desenvolvido pelos dois países.

As medalhas conquistas nos Jogos Paralímpico

Portugal e Brasil fizeram a sua estreia nos Jogos de 1972, em Heidelberg, Alemanha, onde nenhum dos países conseguiu alcançar o pódio. Daí para cá muitos foram os momentos de subida ao pódio dos atletas dos 2 países para ouvir o hino e bandeira nacional, símbolos máximos da união de um Povo.

Participação Brasil - Toquio 2020
Participação Brasil Jogos Paralímpicos Tokio2020
Participação Portugal - Tóquio2020
Portugal Jogos Paralímpicos Tóquio 2020

Portugal nos Jogos Paralímpicos

Apesar da delegação portuguesa ter um número de medalhas bastante inferior à dos Brasileiros, o desempenho dos atletas portugueses têm sido notáveis. Nos Jogos de 2020 em Tóquio, os Portugueses conquistqram 2 medalhas de Bronze e, no total das participações, conseguiram arrebatar 94 medalhas: A saber:

Nova Iorque1984: Representação de 29 atletas, que conquistaram 14 medalhas – 4 de ouro, 3 de prata e 7 de bronze – nas modalidades de atletismo (10), boccia (uma), ciclismo (duas) e ténis de mesa (uma).

O país ocupou o 26.º lugar do ‘ranking’, liderado pelos Estados Unidos.

 Seul1988: Representação de 13 atletas, que conquistaram 14 medalhas – 3 de ouro, 5 de prata e 6 de bronze – nas modalidades de atletismo (12) e boccia (três).

O país ocupou o 28.º lugar do ‘ranking’, liderado pelos Estados Unidos.

Barcelona1992:  Participação de 29 atletas que conquistaram 9 medalhas – 3 de ouro, 3 de prata e 3 de bronze, repartidas pelas modalidades de atletismo (seis), boccia (uma), futebol (uma) e natação (uma).

O País ocupou o 29.º lugar do ‘ranking’, liderado pelos Estados Unidos.

Atlanta1996: Participação de 35 atletas, que conquistaram 14 medalhas – 6 ouro, 4 prata e 4 bronze, repartidas pelas modalidades de atletismo (oito), boccia (três) e natação (três).

O nosso Pais ocupou o 26.º lugar do ‘ranking’, liderado pelos Estados Unidos.

Sydney2000: Participação de 52 atletas, que conquistaram 15 medalhas – 6 ouro, 5 prata e 4 bronze, repartidas pelas modalidades de atletismo (12), boccia (três) e natação (duas).

Os portugueses ocuparam o 26.º lugar do ‘ranking’, liderado pela Austrália.

Atenas2004: Participação de 41 atletas, que conquistaram 12 medalhas -2 de ouro, 5 de prata e 5 de bronze, repartidas pelas  modalidades de boccia (seis), atletismo (três) e natação (três).

O país ocupou o 41.º lugar do ‘ranking’, liderado pela China.

Pequim2008: Participação de 35 atletas, que conquistaram sete medalhas – 1 de ouro, 4 de prata e 2 de bronze, repartidas pelas modalidades de boccia (cinco), natação (uma) e atletismo (uma).

O país ocupou o 42.º lugar do ‘ranking’, liderado pela China.

Londres2012: Participação de 30 atletas, que conquistaram 3 medalhas – 1 prata e 2 de bronze – nas modalidades de boccia (duas), e atletismo (uma).

O país ocupou o 63.º lugar do ‘ranking’, liderado pela China.

Rio2016: Participação de 37 atletas, que conquistaram 4 medalhas de bronze – nas modalidades de boccia (duas) e atletismo (duas).

O país ocupou o 76.º lugar do ‘ranking’, liderado pela China.

 Tóquio2020: Participação de 33 atletas, que conquistaram quatro medalhas de bronze – nas modalidades de canoagem (1) e atletismo (1).

Os portugueses ocuparam o 77.º do ‘ranking’, liderado pela China.

Em resumo, Portugal tem vindo a descer no ranking de atribuição de medalhas desde os Jogos de Sydney, onde conquistou a 26ª posição até à modesta posição de 77º lugar dos últimos Jogos realizados em Tóquio 2020.

A esta situação e ainda mais grave, junta-se a redução do número de atletas que marcaram presença nos Jogos Paralímpicos. Em Sydney 2000 a comitiva portuguesa marcou presença com 52 atletas e passados 20 anos ficou pouco além das 3 dezenas de atletas (33),

Perspetiva-se ainda que na edição dos Jogos de Paris2024 a representação portuguesa não ultrapasse os 30 elementos, situação que marcará mais um record negativo de presenças das últimas 2 décadas.

Brasil nos Jogos Paralímpicos

A estreia ocorreu nos Jogos Paralímpicos em 1972, em Heidelberg, Alemanha. Desde então, o país tem vindo a destacar-se progressivamente no panorama competitivo paralímpico. A participação brasileira nos Jogos Paralímpicos é marcada por um crescimento do número de atletas e medalhas. Nos Jogos de 2020 em Tóquio, conquistou 72 medalhas das quais 22 de Ouro, 20 de Prata e 30 de Bronze (Ao melhor nível da sua história). A Brilhante participação permitiu ao país ascender à 7ª posição do Ranking das medalhas.

O total de medalhas conquistadas pelo paísl em Paralímpicos ascende a 372 medalhas , repartindo-se da seguinte forma:

Toronto1976: Representação de 23 atletas, que conquistaram 1 medalha de Prata. 

O país ocupou a 31ª posição no ranking das medalhas.

Arnhem1980: Os Brasileiros apresentaram apenas 2 atletas e não conquistou qualquer medalha.

Nova Iorque1984: Representação de 30 atletas, que conquistaram 28 medalhas – 7 de ouro, 17 de prata e 4 de bronze

O país ocupou o 24º lugar do ‘ranking’, liderado pelos Estados Unidos.

 Seul1988: Representação de 59 atletas, que conquistaram 27 medalhas – 4 de ouro, 9 de prata e 14 de bronze.

O País ocupou o 25.º lugar do ‘ranking’, liderado pelos Estados Unidos.

Barcelona1992:  Participação de 41 atletas que conquistaram 7 medalhas – 3 de ouro e 4 de bronze.

O país ocupou o 27.º lugar do ‘ranking’, liderado pelos Estados Unidos.

Atlanta1996: Participação de 60 atletas, que conquistaram 21 medalhas – 2 ouro, 6 de prata e 13 de bronze.

O país ocupou o 37.º lugar do ‘ranking’, liderado pelos Estados Unidos.

Sydney2000: Participação de 64 atletas, que conquistaram 22 medalhas – seis ouro, 10 de prata e 6 de bronze.

Os brasileiros ocuparam o 24.º lugar do ‘ranking’, liderado pela Austrália.

Atenas2004: Participação de 96 atletas, que conquistaram 33 medalhas – 14 de ouro, 12 de prata e 7 de bronze,

O país ocupou o 14.º lugar do ‘ranking’, liderado pela China.

Pequim2008: Participação de 187 atletas, que conquistaram 47 medalhas 16 de ouro, 14 de prata e 17 de bronze.

O Brasil ocupou o 9.º lugar do ‘ranking’, liderado pela China.

Londres2012: Participação de 181 atletas, que conquistaram 43 medalhas – 21 de ouro, 14 de prata e 8 de bronze.

O Brasil ocupou o 7.º lugar do ‘ranking’, liderado pela China.

Rio2016: Participação de 285  atletas, que conquistaram  72 medalhas  – 14 de ouro, 29 de prata e 29 de bronze

O Brasil ocupou o 8.º lugar do ‘ranking’, liderado pela China.

 Tóquio2020: Participação de 253 atletas, que conquistaram 72 medalhas –  22 de ouro, 20 de prata e 30 de bronze

O país ocupou o 7.º do ‘ranking’, liderado pela China.

O país tem feito um investimento notável nas modalidades paralímpicas e ao longo das 2 últimas décadas, tem sido visível o aumento significativo de atletas participantes e os resultados alcançados.

O ranking que o país ocupa é o espelho do sucesso da política seguida e da entrega do país às causas paralímpicas. O Brasil passou nas duas últimas décadas, do 24º lugar de Sydney onde participaram 64 atletas, para a 7º de Toquio2000 onde ascendeu ao 7º lugar com 253 participantes.

Na última década o Brasil mais do que quadruplicou o nº de participantes em Jogos Paralímpicos. São números impressionantes que deverão servir de exemplo para Portugal e para toda a Lusofonia.

Comparando Portugal vs Brasil

Atletas

O Brasil tem enviado um número crescente de atletas aos Jogos Paralímpicos. Em 2020 em Tóquio, o contou com uma delegação de 253 atletas.

Em sentido contrário, o s Portugueses Portugal têm enviado um número cada vez menor de atletas, com 33 atletas em 2020.

Apesar da diferença populacional entre os 2 países, é difícil atribuir esse fator à modesta evolução dos números de Portugal em relação ao Brasil

Medalhas Conquistadas

Os números de medalhas também refletem essa diferença. O Brasil conquistou um total de 372 medalhas até 2020, enquanto Portugal conquistou 94.

Em Sydney2000, os portugueses conquistaram 15 medalhas enquanto os Brasileiros não foram além das 22 medalhas.

Em duas décadas, os Brasileiros conseguiram em Tóquio 72 medalhas enquanto Portugal conseguiu apenas 2 medalhas.

Provavelmente, as grandes razões estarão associadas à dinâmica de investimento de cada país e à implementação de políticas que permitam um maior apoio e incentivo à prática do desporto adaptado.

Comentário à Evolução

Apesar da diferença populacional entre os 2 países, é difícil atribuir esse fator à modesta evolução dos números de Portugal em relação aos Brasileiros

Provavelmente, as grandes razões estarão associadas à dinâmica de investimento de cada país e à implementação de políticas que permitam um maior apoio e incentivo à prática do desporto adaptado.

Os números são reveladores da aposta que cada país dá a cada modalidade e, infelizmente, parece que Portugal não tem revelado grande empenho na inversão destes dados.

As Causas do Amasso Estatístico

Brasil

O investimento no desporto paralímpico é crucial para o sucesso dos atletas. O país tem investido consideravelmente em infraestrutura e programas de apoio aos atletas paralímpicos,

Centro treinos Paralímpico Brasileiro

O governo brasileiro e diversas empresas privadas têm oferecido patrocínios e suporte financeiro significativo.

A implementação de políticas públicas voltadas para a inclusão e desenvolvimento do desporto paralímpico têm sido implementadas de forma constante e abrangente, passando pela atribuição de Programas de Bolsa Atleta, a apoios sistemáticos ao Comité Paralímpico Brasileiro (CPB) e a outros organismos dedicados à promoção do desporto adaptado.

Um dos exemplos da aposta continuada dos organismos do país para a criação de condições para o desenvolvimento de atletas paralímpicos, é o centro de treinos paralímpicos que se encontra em funcionamento desde 2016-

O Centro de Treinamento Paraolímpico Brasileiro está localizado no Parque Fontes do Ipiranga, zona sul de São Paulo, e tem instalações esportivas indoor e outdoor que servem para treinamentos, competições e intercâmbios de atletas e seleções em 15 modalidades paralímpicas: atletismo, basquete, esgrima, rúgbi e tênis em cadeira de rodas, bocha, natação, futebol de cegos, futebol PC, goalball, halterofilismo, judô, tênis de mesa, triatlo e vôlei sentado.

Além disso, tem área residencial com alojamentos com capacidade para 300 leitos, refeitório, lavanderia e um setor administrativo com salas, auditórios e outros espaços de apoio. No Centro de Treinamento funciona a sede administrativa do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), na qual atuam mais de 300 profissionais de diversas áreas.

O investimento para a obra, em valores de 2016, quando da conclusão das obras, foi de R$ 264,272 milhões, sendo R$ 149,630 milhões do Governo Federal – por meio do Plano Brasil Medalhas – e R$ 114,642 milhões do Governo do Estado de São Paulo. O CT foi inaugurado em maio de 2016 e é o principal centro de excelência do Brasil e da América Latina e um dos melhores do mundo esporte de alto rendimento.

São, ao todo, 95 mil metros quadrados de área construída. Duas quadras de vôlei sentado, 1 quadra de basquete em cadeira de rodas, 1 quadra de rúgbi em cadeira de rodas, 1 quadra de goalball, 12 mesas de tênis de mesa, 2 tatames de judô, 6 áreas para halterofilismo, 4 para a esgrima, 6 canchas de bocha, centro aquático com 1 piscina olímpica e 1 semi-olímpica,

E ainda, 1 campo de futebol PC, 1 campo de futebol de cegos, 2 quadras de tênis em cadeira de rodas, 1 pista de atletismo, 1 pista de atletismo indoor, academia para apoio e condicionamento físico, fitness e fisioterapia, vestiários, centro administrativo, centro de medicina e ciência do esporte, zona hoteleira com cerca de 300 leitos, área de apoio do Centro de Treinamento.

Comité Paralímpico Brasileiro

Consulte o artigo completo aqui e assista ao video sobre o centro de treinos Paralímpicos

Estas medidas têm permitido um acentuado crescimento da cultura desportiva e da consciência sobre a importância do desporto paralímpico.

Por outro lado, a organização dos Jogos do Rio2016 contribuiu para acelerar o empenho e aumentar a visibilidade destas modalidades naquele país,

Consulte o plano estratégico Brasileiro aqui

Portugal

O nosso país apesar da existência de programas de apoio aos atletas paralímpicos de montante significativo, dos quais se destaca o contrato-programa de preparação para os Jogos Paris2024 com uma verba a rondar os 9,2 milhões de euros, existem entraves significativos ao desenvolvimento destas modalidades e que resultam no modesto desempenho a que assistimos nas duas últimas décadas.

Por exemplo, o investimento nas modalidades paralímpicas tem sido assegurado em quase 90% por parte do financiamento público, registando-se um reduzido envolvimento das entidades privadas no apoio ao desporto adaptado.

A falta de programas escolares de sensibilização e a ausência de investimento nas estruturas escolares que permitam melhorar as condições para a prática das diversas modalidades, condicionando o aparecimento de novos atletas e as suas condições de treino.

Poderemos encontrar outras condicionantes para justificar os fracos resultados de Portugal nas duas últimas décadas. Numa entrevista dada pelo presidente do Comité Paralímpico Portugal, José Lourenço, à SIC Notícias, são apontadas mais algumas razões relacionadas com o modelo de ensino existente e com um pensamento familiar reinante que ainda considera prejudicial a prática desportiva desenvolvida por crianças com deficiência. Destaca-se aqui alguns excertos dessa entrevista que consideramos relevantes. Conforme aponta José Lourenço,

    “Este problema é algo que nos preocupa, e já nem quero pensar em Brisbane2032”, refere o dirigente, defendendo a necessidade de “alterar os paradigmas cultural e de financiamento” bem como o desporto escolar para inverter a tendência de diminuição de atletas “

José Lourenço : Presidente do Comité Paralímpico Portugues

afirma ainda

“num patamar incomparável com o que se vivia há 20 ou 30 anos” e evoluiu muito “na forma como as questões da deficiência são muito mais olhadas e analisadas”

José Lourenço – Presidente do Comité Paralímpico Portugues
José Lourenço – Presidente do Comité Paralímpico Portugues

“muitas vezes o primeiro obstáculo está nas famílias”, que, na tentativa de protegerem filhos com deficiência, os afastam da prática desportiva, na ideia “errada” de que “o desporto é prejudicial a um indivíduo que tenha alguma deficiência”.

José Lourenço – COP

Para Ver a entrevista completa, aceda aqui

Conclusões

A comparação entre os 2 países es nos Jogos Paralímpicos destaca diferenças significativas em termos de participação e desempenho. O sucesso do Brasil pode ser atribuído aos investimentos substanciais em infraestruturas, adaptadas às necessidades específicas das modalidades e a políticas públicas de promoção e sensibilização da prática desportiva que tem conduzido um crescente apoio ao desporto paralímpico por parte de todos os Stakeholders (Públicos e Privados)

Portugal necessita de uma mudança urgente que terá de passar pelo envolvimento de todas as entidades responsáveis pelo desenvolvimento do desporto no país e pela alteração de mentalidades. Só dessa forma, inverteremos o marasmo de resultados que se tem verificado nas últimas 2 décadas e, infelizmente, não se vislumbram melhorias a curto prazo, uma vez que o número de participantes nos Jogos Paris2024 será

                     Portugal não pode ser só “bola” e o resto é paisagem!
 
                           Vamos dinamizar o desporto adaptado!

Parabéns Brasil, Parabéns CPB pelo trabalho desenvolvido !

             Um exemplo para a Lusofonia !

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